Hansa Teutônica: Sexy sem ser vulgar.
Será que um dos Euros mais Cults de todos os tempos é ainda bom, ou é apenas rostinho bonito?
Charme e muito veludo. Certamente uma das melhoras capas que um Euro já recebeu.
O Contexto
Disclaimer: Esse post está sendo escrito muito tempo depois de eu já ter comprado o jogo, inclusive já até passei ele pra frente numa troca. Me perdoem a falta de inspiração literária.
Sempre ouvi falar do famoso Hansa, um euro das antigas, de construção de rotas. E friso aqui novamente, um euro oldschool, ou seja, com boas doses de interação e maldade, algo cada vez mais raro no “euro moderno”. Dito isso, apesar da fama, num mundo lotado de lançamentos com tantos outros “euros clássicos” esse acabou ficando esquecido na minha lista de exploração.
Muito tempo passou até ele voltar ao meu radar, e acabei adquirindo-o alguns dias antes do famoso vídeo do SU&SD, que fez um rebuliço no mercado, acabando com os estoques de muitas lojas internacionais. O vídeo faz um excelente overview do jogo, e recomendo fortemente para quem estiver interessado em adquiri-lo.
Tive pouco mais de 6 partidas, inclusive em 2 players. O revés é que estou escrevendo uns 4 meses depois de ter jogado, então não é lá uma escrita tão fresca. Sabendo disso, ficam minhas considerações.
O Bom
- A maldade é real e implementada de uma forma extremamente bem executada. Diferente de um take-that cru, a mecânica de remover as peças dos outros jogadores tem um custo que beneficia a vítima. Na realidade o take that é reverso, seus oponentes vão ficar sentando nas suas rotas, gerando uma guerra fria bem interessante: quem vai ser o primeiro a puxar o gatilho?
- Joguei em 3 e 4 jogadores e funcionou muito bem. Não vejo motivo para achar que em 5 não seria uma boa pedida. Então acaba sendo um “euro mais carnudo” para 4+ jogadores, o que é raro, e as vezes interessante de se ter.
- O jogo tem uma “vibe meio xadrez”, ainda mais sendo quase um abstrato, a profundidade é bem grande em cima de um conjunto de regras bem simples. Pode ser usado como Euro Gateway, muito embora um novato será destroçado na prática.
- Eu gosto do ritmo do jogo, apesar de ter um potencial para AP (nas mão erradas), é possível jogar num ritmo legal, e pela quantidades de ações, você sente que está fazendo bastante coisa.
- O tema é tão colado, mas tão colado, que é até bom: com um grupo mais ácido seus mercadores vão ter nomes politicamente incorretos e provavelmente vai ser mais imersivo que um Lacerda comum. Já é a segunda vez que vejo um tema ser tão ruim, que na prática é até bom (pelos motivos errados), o primeiro é o clássico Jorvik e os Vikings vestidos com seda rosa choque.
Nota do Djow_: o isR34L é famoso pela estratégia da “Fabrica dos Gordos”
O Ruim
- Não funciona bem em 2 jogadores, nem com as regras originais, nem com as regras atualizadas. Lembre-se, a versão Big Box anuncia o jogo como 3 jogadores no mínimo, não caia na ilusão de “achar que vai dar certo” usar as regras que foram removidas.
O Neutro
- Dependendo do seu gosto, e como você encara rejogabilidade, você pode acabar achando o Hansa um pouco “seco demais”. Como disse, é quase um abstrato, e apesar dos jogos serem potencialmente sempre diferentes (como Xadrez), não é como se fosse uma mudança radical de uma partida para outra, ao menos não tanto como jogos de cartas da série Pax em que partidas podem soar quase como um outro jogo.
- Síndrome do Grupo de Elite: aquele tipo de jogo que depois de um tempo, você vai querer jogar só com um mesmo grupo, assim como Root, já que ele é relativamente impiedoso para novatos e cresce bastante com múltiplas jogadas. Se você tem esse cenário, na verdade é um ponto positivo, se você troca de jogo toda semana (como eu), pode passar longe.
Conclusão
O aclamado Hansa merece sua fama, é um jogo sólido, mesmo tendo 12 anos de idade já. Não consigo ver nenhum “problema de fato” no seu límpido design. No entanto, apesar de ter me divertindo bastante, no fundo sinto que queria algo mais, provavelmente pela minha gradativa aversão com abstratos. Certamente é um jogo Nota 8 (Sistema de Avaliação Spiel des Djows), gosto e recomendaria uma partida com o grupo de elite, no entanto acho que teria preguiça de “treinar um novo grupo” o que não me faz tecer tantos elogios quanto a fama dele pede. Entendo quem acha ele o supra sumo do euro sem alma, e até por isso recomendo a versão polonesa, que recebe merecidamente um:
Selo Spiel des Djows™ para “melhor uso de mercador medieval crossfiteiro, com peitoral largo e charme inquestionável na capa de um Euro Game”.
E se ainda tem dúvidas, fica a comparação do original e o novo.
Antigo, claramente superior. Fonte: Opinionated Gamers