[Análise] Marãná

Análise do jogo Marãná !

Título: Marãná (2020)

Idade Recomendada: 10 +

Duração média da partida: 30 min

Número de jogadores: 2 à 3 jogadores

Designer: Felipe Galery

Artista: Nayara Yukari

Editora: Galbs Games

“A batalha entre esses povos é antiga e intensa. Yatapis clamam por justiça por um crime das Camiaras, Jacarungos querem vingança contra os Yatapis e as Camiaras querem viver em paz no coração da floresta. Mas a paz não virá sem um custo, e a cada batalha, cresce o remorso entre as nações.”

Financiado no final de 2020 pelo Catarse, Marãná é um jogo com temática indígena e inspirado no folclore brasileiro, que foi elaborado por Felipe Galery e lançado pela editora nacional Galbs Games.

O design gráfico ficou por conta de Nayara Yukari e as ilustrações das cartas foram feitas por três artistas diferentes: Carolina Vilhena (cartas Yatapi), Míriam Vitória (cartas Jacarungos) e Priscila Parenzi (cartas Camiaras). Com isso, logo percebe-se uma identidade própria em cada uma das tribos, sem perder a essência do jogo.

Recheado de referências à nossa cultura, Marãná é um jogo de cartas muito imersivo e desafiador!

Vamos à análise!

Resumo do jogo:

Cada jogador escolherá um dos três povos para jogar (Yatapi, Camiaras ou Jacarungos) e então devem preparar o baralho para início do jogo. Dentre as 30 cartas que compõem o baralho inicial, apenas 20 serão utilizadas na partida. Para isto, deve-se seguir algumas etapas:

  • Selecionar: 01 Herói, 09 Guerreiros e 10 cartas de melhorias / Instantâneas (o restante ficará de fora)
  • Embaralhar somente os 09 guerreiros escolhidos
  • Comprar 4 Guerreiros e colocá-los na mão (é possível trocar 2).
  • Embaralhar os 5 guerreiros que sobraram ao restante do baralho.
  • Em turnos alternados, cada jogador colocará um dos guerreiros iniciais no campo de batalha. Assim que os 4 guerreiros forem colocados, a partida se inicia.

Resumo do Setup

O jogo procede em turnos alternados, onde cada jogador poderá realizar ações como atacar, ativar habilidades e jogar novos guerreiros e/ou melhorias. Estas ações são limitadas, bem como o número de ataques em um turno, ou a quantidade de vezes que um guerreiro poderá atacar naquele turno.

O jogador que eliminar todos os guerreiros do inimigo primeiro, vence! Lembrando que, o baralho contém somente nove guerreiros e que, a qualquer momento, se algum jogador estiver sem nenhum guerreiro em campo, ele automaticamente perde o jogo.

Não dá pra ganhar sem exército, né?

Onde o jogo fica interessante:

Se Marãná fosse somente isso, ele não seria diferente de outros jogos de cartas mais antigos, como Pokémon, Magic e até Yu Gi Oh!

É hora, do duelo!

Se notarem, não falamos de pontos de vida e nem de resistência até o momento. Exatamente por ser um jogo bem “pé no chão”, um jogador não levará 20 mordidas da Cuca antes de morrer, muito menos um pobre indígena!

Marãná não trabalha com um sistema “tradicional”, onde os guerreiros perdem vida ao longo dos combates ou se regeneram entre os turnos.

Primeiramente, os jogadores não sofrem ataques, apenas os guerreiros. Estes, por sua vez, não possuem pontos de vida/defesa, eles contam com duas opções ao serem atacados: esquivar ou contra-atacar. Na esquiva, o guerreiro sai ileso, inclusive, ele consegue se esquivar diversas vezes no mesmo turno.

A outra opção, o contra-ataque, funciona como se fosse uma defesa, mas tentando atacar e só possui três resultados possíveis: o defensor morre, o atacante morre ou ambos morrem. Uma opção bem arriscada, mas que causa grandes reviravoltas.

Para aumentar o clima de reviravoltas durante os combates, cada jogador adiciona o valor de um dado ao valor de ataque/esquiva/contra-ataque. Permitindo que, em alguns momentos, alguns guerreiros tenham vitórias extremamente improváveis, ou consigam se esquivar e escapar da morte várias vezes.

Por último, o sistema de batalhas possui uma mecânica de posicionamento super realista e bem elaborada. Cada guerreiro possui um determinado alcance (arqueiros possuem o maior alcance do jogo, por exemplo) e precisa se movimentar durante os turnos, para que possa atacar os inimigos, ou seja, não basta confiar em valores altos e sorte no dado, os jogadores precisarão planejar a formação de seus guerreiros em campo.

Posicionamento é a chave da vitória.

O posicionamento funciona da seguinte forma: como cada guerreiro possui um determinado alcance, este só poderá atacar os inimigos à sua frente. Permitindo que os jogadores coloquem guerreiros na linha de frente a fim de proteger os arqueiros, por exemplo. Contudo, mesmo que as tropas tenham um alcance limitado, elas poderão atacar as últimas fileiras se não houver ninguém em seu caminho.

Descrição física do jogo:

Vamos enfatizar a versão do Catarse, a qual veio com conteúdos exclusivos muito legais!

Peso: 1.20kg Dimensões: (21cm x 27cm x 09cm)

A caixa é bem pequena, leve e muito firme, do mesmo tamanho que Dogs Cardgame, Splendor, Tsukiji ou Porradaria Card Game.

Para o conteúdo, a caixa é bem proporcional. Pois suporta todos os componentes, mantém os baralhos separados e, mesmo com sleeves, cabe tudo perfeitamente! O próprio insert é bem colorido e possui identificações, além de ser super fácil de pegar as cartas.

Cartas: 90 (63.5 mm X 88.0 mm)

Um jogo com pouquíssimas cartas (30 para cada baralho), com sleeves do tamanho padrão. As cartas possuem uma gramatura média, o que permite um embaralhamento. Porém, é um jogo que necessita de sleeves, já que possui embaralhamento constante.

Demais itens:

3 dados-pião D4 - a coisinha mais linda que já vimos!

3 campos de batalha - feitos em tecido e super temáticos

1 manual de regras - muito claro e bem explicado. A fonte utilizada e o espaçamento ficaram perfeitos.

Prós:

  • Jogo familiar muito bom!
  • Possui regras bem simples e o manual dispõe tudo de forma bem clara e objetiva.
  • Possui uma abordagem cultural incrível! Além da cultura indígena e do folclore brasileiro, Marãná trabalhou com expressões tipicamente brasileiras. Podendo ser utilizado até mesmo em propostas pedagógicas.
  • Já vem com tabuleiro para cada jogador, isso é sempre bom.
  • A interação entre jogadores é bem grande e possui uma variante para três jogadores, aumentando ainda mais a rejogabilidade.
  • Possui uma característica de deck building, o que aumenta o nível estratégico do jogo.
  • Ainda no quesito estratégico, a ideia de posicionamento elevou este jogo a um outro nível!
  • Possui um preço médio alto de R$ 150,00, se considerarmos o lema de R$ 1,00 cada carta (contém 90 cartas). Porém, a arte envolvida, a caixa, os dados e os playmats justificam o preço.

Contras:

  • Em Marãná, o fator sorte é muito presente. Não só no quesito de compra de cartas, algo já considerado normal neste estilo de jogo, mas existe a possibilidade que o dado mude diversas vezes o rumo de uma estratégia (teoricamente) sólida.

  • Por outro lado, o fator sorte é sempre um divisor de opiniões e, muitos jogadores, acreditam que estas reviravoltas do destino são exatamente o que apimentam a partida.

  • Por ser um jogo a base de construção de decks, sentimos falta justamente dessa opção, ou seja, como o verso das cartas é diferente, sem a utilização de sleeves coloridos, não é possível embaralhar os 03 povos. Nem mesmo criar uma variante de draft, por exemplo. Em analogia, consideramos o jogo Epic Card Game, o qual disponibiliza várias tribos (alinhamentos), mas que pode ser jogado em forma de draft, separando por tribos ou, simplesmente, embaralhando todas as cartas.

  • Este mesmo “bloqueio” na construção de baralhos, impede que duas pessoas com o jogo base, formem novos baralhos para disputarem entre si.
  • O setup do jogo é bem fácil, aumenta a variedade das partidas e auxilia no balanceamento do jogo, mas, é um pouco complexo e até desanimador não conseguir utilizar as 30 cartas disponibilizadas, nem poder montar um baralho cheio de guerreiros, ou qualquer outra combinação maluca, é um limitador da criatividade.

Opinião pessoal:

Marãná ganhou nosso respeito desde seu financiamento coletivo, onde se mostrou um jogo nacional e que aborda nossa cultura!

À primeira vista, tínhamos imaginado um jogo de batalha, com posicionamento de cartas (guerreiros) e dados que decidem o resto, semelhante ao Ultimate WarriorZ ou uma versão baby de alguns jogos assimétricos. Porém, ao vermos melhor o gameplay do jogo, percebemos que era algo muito mais sólido, bem estruturado e diferente do que estamos habituados.

Além disso, os componentes são muito bem feitos e planejados! Com destaque para os adicionais do Catarse que são muito legais!

Já esperamos ansiosamente por uma expansão, com novas tribos para participarem das batalhas. Inclusive, as expansões podem trabalhar isoladamente como se fossem um jogo base. Além de ser possível imaginarmos batalhas entre 6 jogadores simultaneamente, aumentando ainda mais a treta.

Opções de tribos não faltam.

Concluindo, Marãná se mostrou uma opção muito criativa, elaborada e bem feita em vários pontos: arte, temática, componentes, nomes e expressões. Com um estilo de jogo super legal e um preço muito interessante, com toda certeza será um jogo que verá muita mesa em 2021!

Por enquanto é só!

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