Até que ponto utilizar todas as regras do jogo? DIVERSÃO?

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Pensei nesse tópico depois das últimas jogatinas que tivemos por aqui.

Sempre fui um cara chato com regras, sempre tentei ao máximo respeitar de cabo a rabo o que o manual direciona a fazer. Principalmente em jogos mais estratégicos com menos sorte envolvida, para não aparecer um “saque rápido de regra pra favorecer uma situação” e favorecer algum jogador em um momento brilhante.

OK, até aí tudo certo. Aí uma vez um amigo meu @diogohsm trouxe o jogo mechs-vs-minions para jogarmos. Cada um pegou lá um mecha, um mapa foi selecionado, cada um tentou entender o que fazia, regras passadas e bora pra diversão.

E foi EXATAMENTE o que rolou. DIVERSÃO. Pancadaria pra cá, pra lá, aniquilando um monte de inimigo, e MESMO ASSIM o jogo estava difícil. Vencemos.

Quando terminamos o cenário, o dono do jogo então explicou que, estávamos jogando errado algumas coisas, mas ele deixou assim porque estávamos nos divertindo desse jeito, na hora fiquei meio ressabiado do porquê ele ter feito isso, sendo que era simplesmente explicar que não podia fazer aquilo e tal. Pensei, nossa, a gente não ia conseguir finalizar NUNCA se fosse daquele jeito.

E fiquei com isso na cabeça.

Minha coleção é praticamente de eurogames, jogos foram entrando na coleção, e aquilo continuou na minha cabeça, TODAS AS REGRAS? OU DIVERSÃO?

Comecei a reparar que durante as explicações (passou de 15min já não adianta explicar muito mais) rolava bocejo, celular…, então tentei começar a explicar o essencial sem mostrar TODAS as paredes invisíveis, aí que comecei a encontrar um balanceamento do cara que explica para a galera que joga.

Não transformar uma coisa com váaaarias regras chatinhas, em algo mais chato ainda. Apontar inicialmente os pontos principais do jogo, o que eu faço no meu turno (pega carta, joga carta, move peão, segue o líder…ícones…)e principalmente ANTECIPAR ANTES/DURANTE da jogada de qualquer um, alguma regrinha que pode acontecer (desde que não seja aquela sacada monstra de um combo que todos poderiam ter feito).

Mastigado assim com regras maiores explicadas, enquanto joga e vai destrinchando (lembrando que PREVENDO possíveis triggers de ação) foi a melhor maneira que encontrei de deixar as jogatinas mais suaves.

Pois bem. EIS que peguei nemesis.

Amerigames (ou ameritrashes para os menos sensíveis), sempre fizeram parte daquele início no hobby. NEMESIS é aquele jogo que eu estava esperando aparecer, desde quando fui apresentado ao zombicide.

Um jogo melhor adaptado, cenário aleatório, combate, especialidades enfim melhor elaborado.

Comecei a ler as regras. Perdão da expressão aqui, !@#$%QUEPARIU. Regras, regrinha da regra, regrinha da regrinha da regra… QUER SABER?!

VAI ROLAR, COOPERATIVO, e VOU FOCAR SOMENTE NO QUE CADA UM DEVE FAZER.

Estávamos em 4, expliquei as ações, pedi para que olhassem as cartas e as habilidades de seus personagens, expliquei como fazer as ações das cartas, pedi para que lessem os objetivos (afinal era COOP), expliquei o que deveria ser feito (motores, nave indo pra tal lugar, sobreviver… contei a estorinha do que aconteceu e rolou com os personagens, FUI O PRIMEIRO A JOGAR (para explicar o que eu estava fazendo) e FUI ABRINDO/EXPLICANDO O JOGO À MEDIDA que iámos nos movimentando (barulho, alien aparecendo, porta fechando…) os encontros com os bichos, combate… tudo NA HORA.

PORÉM, como eu sabia de todas as regras, eu vi que o jogo iria ficar UM SACO DE DIFÍCIL se adicionasse uma regra ali, outra aqui… e deixei passar propositalmente, porque jogar aquilo ali já estava no clima, tava tudo rodando meio liso, galera sacou as entranhas do jogo, e por fim, vencemos no ÚLTIMO round do jogo.

"CARACA… que jogo maneiro, excelente…, curti demais " - comentários da galera

E isso me lembrou das primeiras linhas desse texto. Mesmo jogando com as regrinhas “selecionadas”, o jogo não ficou solto, foi TENSO, e isso me fez refletir em tudo isso.

Saber quais são as regras PRINCIPAIS do jogo, sem dar aquela massa de regras pra galera decorar, e ir abrindo o jogo à medida em que ele acontece pode deixar o jogo mais prazeroso para todos, e depois, numa segunda partida (normalmente na semana seguinte) a gente ajusta tudo o que foi deixado pra trás. As vezes, determinada regra NEM ACONTECE na partida e você pode ter gasto uns 4-6minutos explicando algo que nem rolou.

Eu digo que, normalmente, jogos não abstratos como euros e ameris, possuem algo iniciando em 70-100 regrinhas para cada jogo:

  • joga a carta
  • move o peão
  • se fizer isso,
  • nao pode aquilo…
  • se fizer aquilo
  • sobe aqui

Só aqui foram 6 regrinhas.

Prezar pelo divertimento da turma deve ser essencial. Uma coisa que deve existir é o seguinte, a pessoa DONA do jogo deve saber ONDE o calo aperta para conseguir balancear esse tipo de situação, pro jogo não ficar xexelento demais por falta de regras, ou muito difícil a ponto de NUNCA MAIS QUERO VER ESSE TROÇO NA MINHA FRENTE.

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Exatamente. Gostei do seu texto. Concordo em grande medida com ele!
Eu sempre prefiro jogar com as regras originais. Mas não sou contra aplicar regras da casa pois não sou purista a esse ponto! hahaha
O caso é que você falou uma verdade: cada um conhece seus companheiros de mesa e sabe onde o calo aperta!
Eu jogo muito em família e por aqui gostamos de jogos com interação, mas que não seja muito direta e conflitiva. Então adoramos jogos que tem controle de área, mas esses acabam gerando muitas discussões por aqui! rsrs
Situação que me levou a mudar algumas regras em determinados jogos para torná-los mais soltos, como dizem. Sei que muitos detestam isso, os mais cracudos sempre vão preferir os jogos mais apertados por serem mais tensos e desafiadores. Porém adotar essa prática tem se revelado fundamental para que alguns jogos façam sucesso por aqui e tenham permanecido na coleção! Era isso ou provavelmente me desfazer dos jogos rs
Foi o caso de Tzolk’in, Bamboo e Duna, onde nós sempre retiramos os marcadores, bots, que bloqueiam espaços do tabuleiro. Isso deixa o jogo mais agradável e retira a pressão que tanto incomoda minha mãe e minha noiva. Já no recentemente adiquirido A.E.R.O. fazemos ao contrário. Por ser um jogo muito simples, infantil mesmo, sentimos falta de um pouco de dedo no olho. Por isso criei uma variante muito louca, onde prendemos os mesmos bandidos e jogamos a partida em duas rodadas: uma de ida e uma de volta. Justamente para aumentar um pouco a tensão, aprofundando o impacto das escolhas dos jogadores no planejamento dos adversários, já que o sentimento geral foi de estarmos num jogo solitário…
Então é isso. Como disse, usualmente não sou a favor de alterar as regras do jogo. Gosto de entender e me aprofundar na sua proposta, no conceito pensando pelo Designer. Mas volta e meia faço regras da casa. Tudo em nome da diversão mesmo!

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É isso. Saber exatamente o ponto de equilíbrio para não perder a galera pro jogo. Jogar com REGRA ERRADA é uma coisa, omitir uma regrinha ou outra é completamente diferente.

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