# Cosmos – review solo e +

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O divino em nós
Não apenas é consciente de tudo
Que existe no cosmos,
Mas personifica tudo
Que há no cosmos.
O divino em nós
É o cosmos;
Ele mesmo é
O cosmos inteiro.

-Sri Chinmoy

From the book Dedication-Drops

Cosmos – review do solo e +

(como de costume, iniciei com uns 3-4 parágrafos com minha visão sobre o tema e como me inspira – e que tal ouvir a Sonata à luz de luar de Beethoven enquanto lê? O review em si está logo mais abaixo)

Desde que comecei a valorizar mais a minha vida interior, passei a ficar interessado no universo físico também por analogia. Olhando essa foto abaixo, saiba que ela é uma foto de aproximadamente 1/26 milhões da área do céu vista da Terra.

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Nessa foto de 1/26.000.000 do céu, são aproximadamente 15 mil galáxias contadas ali, sendo que uma galáxia pode ter desde algumas centenas de milhões até cem trilhões de estrelas como o nosso Sol, acompanhadas por objetos gravitando em seu redor, como a Terra.

Meu ponto é que Deus é incomensurável. E eu tinha escrito mais coisas neste parágrafo, mas voltei e apaguei tudo, porque achei o ponto final mais eloquente que qualquer coisa que eu pudesse falar. Imaginar essa grandeza inspira-me a mergulhar fundo em mim.

Agora, em outro nível muito mais elevado, Arjuna, na véspera da batalha de Kurukshetra, enxerga o Divino dentro do seu Mestre espiritual, Krishna:
“Arjuna enxerga a multiplicidade no Uno Supremo possuidor de miríade bocas, inúmeros olhos, ilimitadas maravilhas, empunhando armas e jóias divinas, vestindo guirlandas de flores celestiais de fragrância superna. A fulgência de mil sóis explodindo juntos nos céus mal se compara ao esplendor supremo do Senhor. Arjuna vê o Infinito na multiplicidade e, sobrepujado de êxtase que percorre seu âmago mais profundo, de mãos postas e cabeça curva, exclama: “Senhor, em Ti, no Teu Corpo, vejo todos os deuses e todos os tipos de seres, cada um com suas características únicas.”

Ah, um dia! Mas por enquanto, fico com este:

“Incontáveis estrelas-tentação,
Um céu-frustração,
Um sol-iluminação:
Tais os meus sonhos.”

-Sri Chinmoy
From the book Ten Thousand Flower-Flames, part 16

Review do jogo solo

O funcionamento do jogo lembra um pouco o Lewis & Clark, um pouco mais leve e com menos AP.

Você tem X jogadas por rodada, joga uma carta por vez e faz a sua ação, compra uma carta nova se quiser. A mecânica principal é essa, mas isso é acoplado ao um engine-building (você consegue mais poderes depois de acumular certos elementos) e um deck-building leve.

Você é um protoplaneta, e o seu objetivo é melhorar a força da gravidade, rotação, atmosfera e temperatura. Para isso, precisa coletar elementos (no jogo, H, Fe, O, C, N) do espaço e asteróides ou então transmutá-los em seu interior.

Na época que começou o financiamento no Catarse, eu me interessei muito, mas fiz aquele “já tenho muitos jogos, não vou nem olhar muito para não querer comprar”. Mas o bumerangue voltou e comprei. (Fazer o quê, né?).

Mas eu tinha uma segunda linha de defesa: eu sempre gosto de jogar jogos novos, as vezes só uma vez, e depois troco ou vendo. Assim sempre vejo coisas novas. Só um jogo muito legal mesmo acaba ficando na coleção mesmo. (O Cosmos vai ficar?)

Na última semana, joguei o solo umas sete vezes e também uma vez em três pessoas. (Já dá uma indicação de se gostei do jogo?)

Depois que você pega o jeito, ele vai razoavelmente rápido, e teve dias que joguei duas partidas em seguida, porque realmente deu vontade de tentar de novo logo em seguida. (Raridade para mim.)

(fim de jogo vitorioso, enfim!)

A dificuldade é grande – o que acho essencial num jogo solo. Joguei sete vezes, perdi feio umas cinco, quase ganhei uma e ganhei uma. A curva de dificuldade por enquanto parece muito boa. Na primeira vez, só para pegar as regras. Na segunda, para testar estratégia. Na terceira, já tendo estratégia, tentando otimizá-la. Na quarta e seguintes, se esforçando o máximo para não fazer nenhuma jogada mais ou menos. Na sétima vez, foi quando consegui realmente fazer isso. Tudo fluiu idealmente e venci o jogo quase no final da sétima rodada. (E vim escrever o review.)

O fato de ele ter as cartas de evento de cada rodada ajuda muito, pois sempre vai ter surpresa e variação, fazendo com que precise improvisar uma rodada que estava planejada anteriormente e, quem sabe, ainda vencer! Cartas de evento são uma das coisas favoritas minhas nos jogos que costumo gostar.

A canção do cosmos:
Dê o que você tem a Deus
E se torne
O que Deus eternamente é.

-Sri Chinmoy
Seventy-Seven Thousand Service-Trees, part 27, Agni Press, 2002

Tema

O tema é bem presente. Tudo faz sentido (para mim que sou leigo), desde arte até mecânicas. As abstrações são razoáveis (por exemplo, os planetas não giram ao redor da estrela a uma velocidade constante – algumas rodadas podem ir bem mais rápido que outras – ou que um ano ao redor da estrela seria milhões de anos geológicos), mas isso é uma concessão necessária para fazer um jogo de tabuleiro e não um simulador planetário. Dá para simular fusão e fissão nuclear (transmutar elementos que o seu planeta possui em elementos que ele precisa) e muito mais.

O ápice de experiência temática que tive (já estave sentindo o tema, mas aí teve esse momento) foi ao comprar e jogar a carta “Anéis” para o meu planeta. Normalmente, os elementos soltos no espaço vão sempre gravitando para a estrela no centro do tabuleiro. Então, em algumas rodadas, você não tem tempo de recolher tudo que gostaria, e perde esses elementos. Os anéis servem para prender esses elementos na órbita do seu planeta, carregando-os consigo enquanto traslada orbitando a estrela, e você pode na rodada seguinte absorvê-los com a calma de quem tem trilhões de anos de vida pela frente (mas apenas três ações por rodada).

O Diego, designer do jogo, e os que o ajudaram fizeram um trabalho muito, muito bom de desenvolvimento das mecânicas e tema.

(para melhorar a “imersão temática” (leia-se “por preguiça”), não tiro os elementos absorvidos pela estrela do tabuleiro – deixo eles ali mesmo.)

Peso e comparações

O peso do jogo é médio, médio-pesado (para o meu gosto). Ou seja, é um jogo para pensar um pouquinho. Nada extraordinário, mas com uma camada estratégia razoável.

Gostei dele solo bem mais do que outros famosos como o Viticulture. Pareceu um jogo solo mais “fechado”, “redondo” para o meu gosto.
Se você gosta do Cosmos e quer um pouco jogo mais pesado e com maior amplitude estratégica, sugiro o Lewis & Clark: A Expedição. A versão solo também é legal, mas acho que a do Cosmos é melhor, por ser mais rápida. O Lewis & Clark deixa você cansado depois da partida. É um dos jogos que mais gostamos, mas é um pouquinho pesado mesmo!

Outro jogo brasileiro feito na Ludens que posso recomendar muito é o Drillit! A Fuga da Montanha de Cristal, que tem um modo solo bem legal e é bem barato.

Componentes

Os componentes são todos muito bons, em particular as cartas e a caixa. O jogo foi feito nacionalmente na Ludens/Copag, e tenho a impressão que a qualidade dos jogos impressos aqui tem melhorado. Ainda dá para ver que a qualidade da cor/impressão/corte não é tão boa quanto dos jogos (bem) feitos na China, mas ainda assim é muito satisfatória e dá para ver que está melhor que anos atrás. Não vem muitos componentes na caixa, e certamente, se fosse só pelos componentes, poderia ter metade do volume.

Só o fato de eu ter parado para escrever o review quer dizer que realmente gostei muito e recomendo honestamente. Acho que esse vai ficar na coleção aqui por algum tempo! (Bilhões de anos)

Quando agrado a Deus
Da Sua própria Maneira
Vejo infindáveis estrelaas
Cantando e dançando
No meu céu-coração.

-Sri Chinmoy
From the book My Christmas-New Year-Vacation Aspiration-Prayers, part 50

Postado originalmente em Cosmos – review solo e + – jogos de tabuleiro, livros e inspiração

5 curtidas

Se você não tira os elementos da estrela, você está mexendo na probabilidade de retirar elementos da sacola…