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Ito, um jogo s(c)em palavras
Eu lembro muito bem quando The Mind chegou na minha mesa. Que demais. Na época, todos estávamos enclausurados devido a pandemia. Por alguns meses morei com mais pessoas do que o normal. Por sorte, essas pessoas topavam joguinhos. Jogamos The Mind e foi uma maravilha aquela explosão na cabeça: “Uau, nossa, agora acho que entendi o jogo” , “Sim! É um jogo de probabilidade”. Everybody was hooked on a feeling.
Hoje eu faço um review do jogo Ito, o qual despertou sentimento similar nas mesas pelas quais ele passou.
Ito, lançado pela MeepleBR, é composto de cartas com números do 1 ao 100. Cada jogador recebe uma carta e um tema é escolhido numa folhinha. O jogo vem com 100 temas/tópicos. O tema pode ser algo como “sabores de sorvete que poderiam ser deliciosos”. Zero seria o sabor que MENOS poderia ser delicioso, e o número cem é o MAIS delicioso. A partir disso você dá uma dica com base no número que recebeu. Digamos que seja sabor Serragem (número 11). Aquela serragem que você vê no chão de uma madeireira, sabe? Imagino um sorvete áspero, difícil de engolir e com gosto de celulose. Pistache (86), Uva com Mamão (42) e Água (7).
O objetivo é todos alinharem as cartas em ordem numérica, sem vê-las, apenas com base nas dicas de cada jogador. Quando todos estiverem concordando com a ordem das cartas, é só virar. Se ordenaram corretamente, vitória.
Nota do isR34L: Impressionante como o sabor água é PIOR que o sabor serragem. Aqui eu vi coragem.
O jogo é exatamente o que expliquei acima. Não há uma ordem definida para dar dicas ou quem deve alinhar as cartas. É possível ajudar o colega a refazer dicas. Super simples.
Não é a toa que eu trouxe a comparação inicial com o The Mind, afinal os dois são jogos cooperativos e com basicamente o mesmo deck de cartas. Em The Mind as jogadas são baseadas em gut feeling e probabilidade. No Ito isso também existe, mas suas decisões são muito influenciadas pelo conhecimento que você tem de cada jogador. Isso até acontece no The Mind , mas aqui é mais evidente.
Estou sempre tentando pensar, seguindo o tema do sorvete, quais sorveterias aquela pessoa já frequentou ou o que ela gosta de comer no geral. A minha namorada, por exemplo, não se arrisca tanto nos sabores e prefere os mais clássicos, enquanto para mim um sabor de limão com manjericão é excelente (sorvete de limão com manjericão). Existe a leitura do seu número e qual posição ele ocupa na ordem das cartas, mas também dos jogadores e como eles pensam sobre o tema da partida. As duas intrinsecamente ligadas.
Wavelenght também é um pouco parecido, mesmo esquema de se entrosar com a equipe e adivinhar. Essas são comparações que vi a maioria dos jogadores fazendo: The Mind e Wavelenght. Fazem sentido. Todos os três jogos fornecem essa espécie de plataforma simples, fina mas não fraca, para que seu grupo tenha um bom momento. Algo que os jogadores possam brincar em cima e se deixarem levar.
O que me deixa empolgado com o jogo é essa conexão necessária para acertarmos a ordem das cartas. Tive partidas com conhecidos, não conhecidos e partidas mistas. As melhores foram compostas por pessoas que eu não conhecia muito bem. Ou ainda as que descobri que fulano na verdade não gosta tanto assim de sorvete de chocolate como eu pensava. A medida que vai se errando, e jogando outra partida, você vai entendendo mais sobre o grupo e ajustando as dicas. Como cada um define a métrica do tema na sua cabeça é o mais interessante.
Tema: “Pense como um cachorro: o que te faz feliz?”
Na ordem: ficar sozinho em casa (27), tomar banho (35), estraçalhar um brinquedo (69), comer ração (78), correr na praia (76).
Claramente ouve uma confusão ali. Correr na praia deixa um cachorro muito mais feliz. Né?
Quando o grupo finalmente acerta, a celebração é calorosa e você pede por mais uma partida. Joguei 24 partidas no total dos 4 dias que o jogo viu mesa. Ótimo indicativo pra um jogo da minha coleção.
O manual ainda sugere aumentar o desafio: dar duas cartas a cada jogador para que deem duas dicas. Eu acredito ser uma boa pedida para partidas em 3 ou 4 jogadores. Apenas 3 ou 4 cartas para por em ordem, acaba ficando pouco desafiador.
Pra mim, não há problema de contagem. Considerando claro, que é um jogo para 4+ jogadores, um party game. Menos que isso não fica empolgante.
Quanto a rejogabilidade, eu diria que em algum momento você terá que inventar os próprios temas. Tarefa que não deve ser difícil, talvez até divertida. Alguns temas do jogo eu achei sem graça ou não consegui me identificar. No fim, a rejogabilidade é dependente do grupo e do quanto conseguirem aproveitar a “plataforma”.
As cartas são boas, um pouco mais finas do que gostaria mas são boas. Jogando sem sleeves, lógico. Se você joga com sleeves por favor troque de calçada ao me ver na rua. Ou, tudo bem, faz um sinalzinho que eu mesmo troco.
Selo Spiel des Jovem de melhor jogo para gritar o nome imitando a voz de um personagem de anime: “iiiiiiiiiiTTTOOOOOOOOOOO”. Goku sound effects.*
Nota 9! (Sistema de Avaliação Spiel des Djows).
Excelente joguinho pra jogar em qualquer mesa. Vejo como eternizado na coleção. Também é o melhor jogo pra levar na casa da minha sogra. Altos party-game.
Nota do isR34L: Jogão mesmo, brilhou aqui na Holanda em uma mesa com gente do Brasil, China, Itália, Indonésia e Egito. Nota 8.
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