Qual Azul é o certo para você? Comparando todas as versões já lançadas

“Nada acontece por acaso” - Azul é a cor mais quente

Azul foi um jogo que ignorei por certo tempo no começo do hobby. Todos fazemos decisões ruins, não é mesmo? Despretensiosamente, um dia navegando pelo YouTube decidi ver um review do azul, comprei a primeira edição e coloquei na mesa para ver como era… É, eu gostei do jogo. As pessoas que jogaram comigo também gostaram muito e minha companheira de jogatina se apaixonou por ele. Depois desse primeiro contato, comecei a procurar as outras versões dele e não parei até conhecer todas rs.

Do que se trata?

Azul é um jogo abstrato de Michael Kiesling com duração média de 30 a 45 minutos em todas as suas versões. No Brasil, os jogos da série azul são publicados pela Galápagos. Jogos abstratos, que até então eram levemente ignorados, passaram a fazer um grande sucesso no meu grupo. Nesse breve texto mostrarei os pontos fortes e os pontos de atenção de cada jogo. Além disso, irei comparar todas as versões de Azul que estão disponíveis, incluindo as versões mini, mestre chocolatier e gigante. O objetivo aqui é fazer com que você veja qual jogo da série Azul é o certo para você. Apesar de eu gostar de todos, os jogos da série são similares e você não necessariamente precisa ter todos.

Componentes

Os componentes dos jogos são belíssimos e dão uma ótima sensação tátil. Não poderia deixar de dar destaque para uma das coisas que conquista diversas pessoas. Acredito que o jogo só ser bonito não garante o sucesso dele, mas quando o jogo é minimamente bom, a beleza o potencializa. A sensação de segurar as peças desse jogo é extremamente agradável, mas devo mencionar que ao longo da série alguns jogos possuem as peças com qualidade inferior.

Componentes do Azul, Azul: Pavilhão de Verão, Azul: Jardim da Rainha, e Azul: Vitrais de Sintra

Como funciona?

De modo geral, as regras são similares. Tiles são distribuídos nas fábricas de forma aleatória. No seu turno você adquiri os tiles de mesma cor de uma das fábricas disponíveis e depois os posiciona no seu tabuleiro individual buscando pontuar o máximo possível. O jogador com mais pontos vence. Mesmo com pequenas mudanças, essa fórmula é levada a todos os jogos da série e a essência do jogo se mantém.

Bom, vamos ao que realmente interessa…

Qual Azul você deveria jogar/comprar? Qual se encaixa melhor com o seu perfil?

Azul (2017)

O Azul original. O que deu início a tudo. Compramos todos tiles de uma mesma cor em uma fábrica e colocamos os tiles que restaram no centro junto o tile de -1 ponto. O tile de - 1 ponto garante que o jogador seja o primeiro na rodada seguinte. A colocação de tiles no tabuleiro individual é somente horizontal. Não existe limite de rodadas, termina quando algum jogador completa uma linha horizontal. Ao fazer com que os tiles se toquem, mais pontos são adquiridos. Ao completar conjuntos e linhas ganhamos pontuações bônus. Mesmo o tabuleiro possuindo dois lados, um lado básico e um avançado, pode ser que algumas pessoas se cansem do jogo após algumas partidas. Um ponto forte para mim, e que muitas pessoas podem não gostar, é que existe um pouco de “dedo no olho” e maldade quando tentamos fazer com que os nossos adversários comprem diversos pontos negativos. Em questão de regras, é o mais simples de todos e é tranquilo de apresentar a novos jogadores. A meu ver, esse deveria ser o primeiro azul a ser jogado por todos.

Variações com pequenas mudanças:

Azul Mini - Como o nome já diz, o tamanho é reduzido. As outras duas diferenças para mim são positivas, existe um overlay que impede que os tiles saiam do lugar e o preço, assim como o tamanho, é reduzido. Pode ser uma boa ideia para quem quer ter um azul sem desembolsar muita grana.

Azul Master Chocolatier - O visual é diferente. Inclui fábricas de dupla face que mudam levemente o jogo, por exemplo, existe uma fábrica 1+, essa fábrica determina que devemos colocar 1 tile a mais naquela fábrica. O visual não me agradou muito, mas admito que caso você não tenha o Azul original e esteja pensando em adquirir uma cópia, compraria essa versão por trazer as fábricas e adicionar um pouco mais de rejogabilidade.

Azul Gigante - 200% maior que o azul original. Tabuleiros e fábricas e neoprene. A caixa virou uma maleta enorme. Preço bem elevado e cópias limitadas. Indicado apenas para colecionadores e fãs do jogo.

Azul: Vitrais de Sintra (2018)

Este ficou um pouco esquecido na série Azul e não agradou muitas pessoas, mas gosto é muito subjetivo, então pode ser que esse seja o Azul que mais te agrade. Vamos falar um pouco sobre as diferenças e similaridades. As fábricas e a compra de tiles são exatamente iguais ao original. A colocação dos tiles e a forma de jogar são completamente diferentes. O tabuleiro do jogador é composto por 8 faixas de dupla face nas quais adicionaremos os nossos tiles na vertical (é possível ver as faixas muito bem na foto que coloquei). O vidraceiro foi adicionado ao jogo e ele determina em qual faixa poderemos adicionar tiles. A forma de pontuar é progressiva, além de pontuar a fileira que você completou, você também pontua os tiles que estão à direita do espaço inferior. Isso pode gerar ótimo combos caso você se programe bem.

Por conta das faixas serem diferentes em todas as partidas, a sua estratégia, consequentemente, também terá que ser. A rejogabilidade é bem alta por conta desse fator. Atualmente está esgotado no Brasil e os valores dos usados estão bem elevados. Para mim, os componentes são os piores da série, não gostei. A pontuação pode ser confusa para novos jogadores e a manipulação de alguns componentes, como inverter e remover as faixas, pode não agradar a todos. Se você quer uma jogabilidade totalmente nova, mas ainda dentro do universo de jogos da série, Azul Vitrais de Sintra pode ser uma boa pedida.

Azul: Pavilhão de Verão (2019)

Adiciona um grau a mais de complexidade em comparação com o Azul Original, mas não muito. Das novidades, a que eu achei mais interessante foi a introdução de uma cor de tile coringa que vai variando a cada rodada. Outra novidade são os tiles bônus que recebemos ao cercar alguns objetos (pilar, estátua e janela). Pode ser um pouco penoso para pessoas que nunca tiveram contato com jogos de tabuleiro moderno, pois são diversas coisas para se prestar atenção, por exemplo: ver qual será a peça coringa dos turnos seguintes, poder guardar peças, olhar o jogo do adversário, e saber onde alocar os tiles recém-comprados. O jogo possui 6 rodadas, igual ao Vitrais de Sintra. A pontuação básica é semelhante ao Azul original, porém, existem mais formas de pontuar.

Ultimamente tem sido o Azul que eu mais tenho gostado de jogar, a jogatina é fluída e a pontuação é bem intuitiva. Um ponto de atenção é que existe um pouco mais de matemática e cálculos envolvidos por conta da nova forma de alocação dos tiles. Se você busca um Azul que eleve somente um pouco a complexidade e se pareça bastante com o original, Azul: Pavilhão de Verão pode ser uma ótima opção.

Azul: Jardim da Rainha (2021)

O famoso “azul verde”. Deixamos os azulejos de lado e passamos a construir um jardim. É o mais complexo de todos e o mais distante do jogo original, aqui temos diferenças nas fábricas e, consequentemente, na compra de tiles. Agora compramos todos os tiles de uma mesma cor ou símbolo de todas as fábricas. Somos capazes de reservar até 12 tiles, portanto, é difícil prejudicar o adversário (há quem goste muito disso no azul original). O jogo fica um pouco longo em 4 jogadores e eu não recomendo jogar com essa contagem.

As pessoas falam que ele é difícil e tudo mais, mas na minha visão existe um certo exagero. Se você nunca jogou Azul e não tem familiaridade com jogos abstratos ou um pouco mais complexos, definitivamente não deve começar por aqui. Caso já esteja familiarizado, na segunda partida já estará entendendo super bem como o jogo funciona. A pontuação me lembrou um pouco do Pavilhão de Verão. Um ponto de atenção são os tabuleiros de jogador que são finos e não apresentam a qualidade que os jogos da série possuem. Já os hexágonos são cartonados de boa qualidade. Os tiles são uns dos mais bonitos da série e apresentam uma novidade, possuem 6 lados. Se você quer o azul mais “casca-grossa” para jogar em 2 ou 3 jogadores, Azul: Jardim da Rainha vai cumprir suas exigências.


Foto da minha coleção de jogos da série Azul


Azul é um ótimo jogo para apresentar para novos jogadores apesar do tema não ser muito presente. A série de jogos, no geral, apresenta componentes que são bonitos e excelentes de manipular. Azul pode ser um ótimo jogo principal ou entre jogos mais pesados para dar uma relaxada. Acredito que hoje tenhamos Azul para todos os tipos de jogadores, desde um jogo mais simples e descontraído até um jogo mais complexo com regras que fazem com que se programar bem seja essencial para uma boa pontuação. Qual Azul é o seu favorito? Qual Azul encaixa melhor com o seu perfil?

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Comprei o Azul Pavilhão de verão por causa dessa análise sua. Valeu muito a dica. O próximo vai ser o Jardim da Rainha.

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Muito legal ler isso, Júlio! O que achou do jogo?

Aqui os jogos tem que ser família, esse Azul é sensacional. Valeu muito a sua análise, ajudou demais na escolha!

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Pena que não vi esse post quando estava tentando descobrir as diferenças outro dia, especialmente a parte do Chocolatier ser basicamente o mesmo jogo-base, porém com um retheme e uma mecânica extra. :laughing:

Pra quem prefere a estética do Azul comum, ou a conveniência do Azul Mini, mas ainda quer aproveitar a mecânica nova, existem uns arquivos da comunidade no BGG das novas fábricas com estética do primeiro jogo, para imprimir e adesivar no jogo original (tanto o normal quanto o mini).

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Muito obrigado por colocar o link aqui.

Vendo o arquivo, acredito que seja possível imprimir em papel adesivo e colar no verso das fábricas do azul base.

Excelente post!
Meu favorito, e o único que mantive na coleção após ter jogado todos, é o azul-vitrais-de-sintra . A noiva aqui também concorda.

  • O azul-pavilhao-de-verao é o único que nunca achamos tão legal. É um bom jogo, eu não negaria uma partidinha, mas não sou muito fã de “pagar x peças para conseguir colocar uma”. Sim, isso tem nos anteriores, mas de uma maneira mais elegante, você preenche uma linha (base) ou coluna (Sintra) para depois deslizar uma peça para pontuar. Nesse você acumula as peças para pagar. E também acho meio longo (mais sobre isso no seguinte).

  • Em terceiro lugar vem o azul-queens-garden . Acho que ele é uma versão melhorada do Pavilhão, com mais coisas interessantes acontecendo, e mais estratégia. Porém, é muito similar a um outro jogo que preferimos por aqui, o calico , que acho mais elegante - escolha um tile e coloque diretamente no seu tabuleiro, focando sua preocupação em formar os padrões, que é a parte mais legal deste tipo de jogo. Novamente, desgosto um pouco de ter que juntar várias peças para “comprar” uma, uma complexidade adicionada aos dois últimos títulos que não é muito divertida pra mim, e prolonga o tempo de partida.

  • O azul base é o nosso segundo favorito, acho o melhor para apresentar para novos jogadores. É o mais porradeiro da coleção, dá pra ferrar bastante os amiguinhos fazendo eles pegarem trocentos tiles que não têm onde colocar (gerando pontos negativos), então pra quem curte jogar mais agressivo (não é o nosso caso) pode ser o melhor. Além disso é o mais rápido e por isso talvez o melhor para jogar com mesa cheia (4 jogadores).

  • E, finalmente, o azul-vitrais-de-sintra , o mais diferente da série. Ele tem o movimento do personagem que “caminha” por uma trilha, descendo peças e preenchendo os vitrais. A cada coluna preenchida você consegue uma peça para pontuar, então pra mim ele traz satisfação instantânea em todos os turnos. Ao preencher a coluna ela é virada, e ao preencher pela segunda vez ela é removida, novamente nos dando uma percepção de progresso diferente da dos outros títulos da série. O setup aleatório inicial do seu vitral faz cada partida ficar diferente, e cada jogador trabalhando em estratégias diferentes também faz você precisar ficar de olho nos outros. A ação de “voltar” o personagem ao início da trilha tem também a função de “pular” a compra de tiles; este é o único Azul em que você consegue fazer isso e, programando bem, dá pra fugir de ser obrigado a pegar tiles indesejados, ou manipular a oferta de alguma outra forma. A contagem de pontos é muito fácil também. Sintra é o Azul fora da caixa que foi um grande acerto para alguns, e uma decepção para outros - e eu claramente me enquadro na primeira categoria.

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Muito obrigado!!

Cara, muito legal ver como a opinião sobre os mesmos jogos pode ser tão distinta rsrs. Primeiramente, curti bastante o teu comentário, super detalhado! Apesar de achá-lo um pouco punitivo, bacana ver que tu e sua noiva curtiram tanto ele. Acho que tem azul para tudo quanto é gosto rs.

Super concordo contigo quando você diz que o azul original é o melhor para apresentar para novos jogadores. Eu gosto mais do pavilhão de verão, mas tenho muito mais partidas do azul original. Inclusive, fiquei bastante contente ao ver que o Azul Mini está de volta no Brasil. Ter um Azul com valor acessível, é ótimo.

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Acho q eu sou a minoria aqui, pq acho todos azuls muito chatos, especialmente por achar q eles sao uma mecanica em procura de um jogo (por isso tantas versoes).

Pessoalmente acho que um cara genial de Abstratos, e o Knizia, entre o Tigris & Ephrites (acho genial para 2), Ingenious (acho que genial no Brasil), ja temos 2 jogos incriveis. Outros que curto, mas talvez sejam mais dificil aqui pelo Brasil sao Blokus e Taluva

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Muito obrigado, Daniel.

Olha, são 3 abstratos interessantíssimos e acredito que todos podem te satisfazer. Depois volta para contar como foi sua experiência.