SEGURA A ONDA - Equilibrando a saúde do colecionismo

Seguraaonda
Padrão…

Você entra no mundo dos board games com um jogo ultra louco que você nunca pensou em existir, esse jogo normalmente é de alguém que você conhece e fica assim:

  • Nossa, eu só conhecia banco imobiliário, jogo da vida… Que jogo da hora.

Vai pra casa, procura no youtube sobre o jogo que você jogou…

  • Quero saber mais!!

Descobre um mundo até então inexplorado por você, dezenas e dezenas de canais nacionais, centenas internacionais, todos falando daquele jogo que você jogou, E TEM MUITOS OUTROS JOGOS nos canais… clica ali, clica lá… meu deus… onde eu estava.

Entra nos grupos de whatsapp, telegram, entra já perguntando:

  • Galera, sou novo por aqui, pode me dar algumas dicas de jogos?

Pessoal solícito…

  • Pera, dicas do quê? Quais tipo de jogos você gosta?

  • Joguei Zombicide (ele de novo) e achei sensacional!

  • Olha, nessa pegada tem tais, tais… MAS considero você jogar mais, conhecer outros jogos pra ver seu gosto e tal… blábláblá

  • Ah, legal, vou ver.

Descobre que tem um monte de jogo, um mais diferente, as vezes parecido, e quer jogar mais e mais. Até que pensa:

  • Vou comprar pra apresentar pros meus amigos, jogar com a família.

E compra.

Compra mais um.

Compra mais um.

Compra mais um.

Joga a qualquer hora, sozinho(a), com irmão, pai, mãe, irmã namorado(a), vizinho…

E vai aumentando a coleção.

Até que resolve enfiar o pé na jaca e VOU COMPRAR aquele lá (jogo padrãozão, hypezinho, todo mundo falando bem…)

Procura por luderias (pode usar esse nome aqui?) na sua cidade, conhece outras pessoas, eventos, leva os jogos pra jogar com a galera que nunca viu na vida… UAU!

Aprende um jogo novo, conhece outras mecânicas (o que é isso?), e vai direcionando seu gosto, enquanto isso, prateleira enchendo.

  • Na sala não tá cabendo mais, vou colocar no quarto dentro do guarda roupa (ou em cima dele).

Passados meses, já está com a coleção daquele jeito, 20 caixas chegando mais coisa no mercado, quero jogar, quero jogar…

O tempo pra jogar agora os mais de 20 jogos, faz com que você tenha que selecionar qual(is) será(ão) na próxima jogatina, para ler o(s) manual(ais) (porque faz um tempinho que não joga), enfim.

Compra mais um.

Até a prateleira começar a envergar, ter jogo pendurado em estante de comida (será?), embaixo da cama, em cima do guarda roupa? Isso foi 8 meses antes!

  • VIXI, estou com muito jogo. Não estou conseguindo mais jogar aqueles que eu gostei, até porque estou gostando de outros jogos agora, mas o receio de vender e se arrepender da venda daquele jogo que entrou no seu coração, que te apresentou esse mundo novo é maior. E você fica com ele.

Compra mais um.

Passam-se os anos, prateleira parecendo supermercado, ultra colorido de produtos que nem dá pra comer, e nem apreciar mais direito.

Você abre a caixa:

  • Vish, tem mofo??? AH NÃO!!!

Olha pros jogos e pensa:

  • Nossa, o que que eu vou fazer, estou com muito jogo.

Parabéns, você agora é um COLECIONADOR!

(Reconheceu a situação?)

Bora começar o artigo

SEGURA A ONDA!

No começo no hobby eu fiz o seguinte, comprei alguns daqueles armários de metal com porta pra guardar documentos, que também serviram pra guardar minhas ferramentas, livros antigos, lâmpadas… enfim, cacarecos de casa.

E desde que comecei a coleção, eu falei pra mim mesmo que eu NUNCA DEVERIA passar daquelas prateleiras de UM desses armários. Enquanto estava entrando jogos e tinha espaço, ótimo, mas chegou no limite dela, alguém vai ter que sair no melhor estilo dos realities shows que tem por aí.

E durante esse processo, vi o LUKITA lukitar, vi o SIGA O COELHO lukitar, vi outros personagens conhecidos deixarem seus canais no youtube, porque tudo isso estava consumindo demais a vida deles.

No processo do LUKITA, eu lembro dele falar exatamente isso, como a vida dele estava ruim (saúde mesmo), até que ele comprou um jogo super caro e pensou, cara… eu não vou conseguir jogar isso (esse jogo foi o Gloomhaven).

Nesse momento, eu estava comprando jogos ultra pesados (de tempo de mesa e regras) mas que não são jogos com campanhas (porque jogos de campanhas são complicados - precisa ter aquela mesma galera disponível, estar sempre jogando pra não esquecer de como joga…), porque afinal eu não ligo quanto tempo vai demorar pra jogar aquela partida, NÃO LIGO MESMO. Eu gosto de me divertir, degustar… Se der pra jogar 2 ou 3 jogos no dia que eu jogo com a galera, ótimo, se só foi 1 jogo, ótimo também.

Mas jogos pesados consomem seu tempo para se preparar para eles, como falei no artigo anterior, eu gosto mesmo é de comer o manual de regras, jogar sozinho para pegar algumas coisas, tirar dúvidas no BGG pra chegar no dia e estar afiadíssimo no jogo (98% das regras certas ahahahaha)… e saber onde vai apertar o calo na mesa.

Pois bem, minha coleção está nesse ponto a alguns anos, tenho ao todo 65 jogos base, se contar as expansões vai pra mais de 90 fácil. Caixas de expansões estão em outro armário, da coleção mesmo todos estão no mesmo armário desde o início do hobby em 2016.

Se eu gosto do jogo, eu vou atrás das expansões, porque pra mim também é colecionismo.

PORÉM se contar desde o início já passei de mais de 100 jogos BASE, que ao longo do tempo fui vendendo, trocando, dando de presente. E aqui meus amigos, é onde mora a charada.

O hobby deve ser prazeroso, a ponto de as vezes você vender por vender mesmo pra liberar aquele espaço, ou doar (como fiz algumas vezes) para quem curtiu o jogo (minha sobrinha levou vários jogos grandes meus).

Liberar espaço na sua prateleira para dar possibilidade para outro jogo que você queira. No passar dos anos, você sabe QUAL JOGO você vai gostar, certeza. Alguns vão ficar pra trás na tua listinha, e nessa hora você deve DESAPEGAR. E aqui é difícil. EU SEI.

Rola um ponto de inflexão aqui. Passe pra frente. Faça uma listinha dos prováveis jogos (mentalmente) que você se vê jogando nas próximas semanas. Se algum ficou bem pra trás dessa lista E SE está lá parado E você tem tantos outros jogos na frente ANTES de jogar aquele, tá na hora de dizer adeus. As finanças agradecem, e quem comprou vai ficar feliz em jogar esse teu jogo que estava parado.

Se quiser comprar OUTRO pra colocar no lugar, faça, passa no cartãozinho (hahahahahaha)


, senão, pense daqui a alguns anos o que você deverá fazer com esses jogos (e se eu mudar de casa, e se não tiver mais lugar pra tudo isso…). Se enxergar onde isso está te levando pode ser desafiador, pode ser uma onda passageira de euforia (não o jogo), mas se a tua saúde mental e física está te trazendo o benefício esperado, MANTENHA A SANIDADE.

Por mim, eu SEMPRE amei jogos, fossem aqueles que eu jogava na rua e voltava com o dedão sangrando, joelho e cotovelos raspados, fossem jogos de videogames, computador, Magic, banco imobiliário, qualquer, eu tava dentro. E eu vejo os jogos como excelentes fontes de manter a mente e a oratória de explicação afiada (saber as regras, explicação dos jogos).

O Hobby é caro, e as vezes você não encontra alguém com a mesma vibe que você (relatos de várias pessoas nos grupos e de outras cidades). Será que vale ficar investindo em tudo isso?

Perae que vou ali vender alguns jogos.

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Jogar pode tornar-se um vício. Mas o pior vício mesmo é o de comprar. O consumismo é um baita problema, que já me provocou muita frustração e me fez repensar muito dos meus hábitos. A história do Lukita é clássica, me identifico com ela pois passei por algo parecido. Não cheguei a “lukitar” do hobby, mas hoje não tenho mais tanto apego aos jogos. Jogar é uma atividade que amo fazer e esse é o meu foco. Mas sem tanta neura, sem tanto desespero. Há tempo pra tudo, é preciso exercitar a paciência. Já ter jogos são outros quinhentos. Manter a saúde mental é essencial, mesmo sendo muito difícil. Tem horas que bate aquela vontade de sair comprando várias coisas. Me pego imaginando como seria divertida a partida de tal jogo com tais pessoas… Nosso hobby é maravilhoso, mas tudo tem limite e é preciso estabelecer prioridades. Isso é crescer. Dessa forma acredito inclusive que conseguimos aproveitar melhor os jogos.

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Sou relativamente novo nos hobbies (jogar e colecionar), amo ver minha coleção se formando e as possibilidades de jogar ela. Tanto quanto amo jogar. Ganho bem e tenho a possibilidade de manter isso de forma saudável, mas até quando é saudável? Ótimo texto e ótima reflexão, hoje pra entrar ou sair da coleção estou sendo bem mais criterioso!

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eu não tenho esse problema, pois como não tenho muito dinheiro, não compro muito rs

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Fazer a coleção rodar e tirar jogos que não estão sendo jogados é ótimo! Seja por troca ou venda, ajuda bastante a conhecer jogos novos.

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